Euclides da Cunha e a realidade brasileira serão temas de debate na III Feira Literária Internacional de Canudos

As mesas de conversa da III Feira Literária Internacional de Canudos (Flican) vão contar com a participação de grandes especialistas sobre a realidade brasileira de instituições nacionais e internacionais.

O evento, que é promovido pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), vai oferecer ao público uma série de eventos simultâneos relacionados à produção científica e cultural, além de apresentações musicais, programação infantil e exposições de arte. A Flican acontece de 24 a 28 de agosto, em espaços múltiplos da cidade histórica de Canudos.

Entre os convidados da Flican está o professor e pesquisador alemão Berthold Zilly, grande estudioso do trabalho de Euclides da Cunha e o tradutor de 'Os Sertões' para sua língua. No dia 25, das 19h30 às 21h, Zilly fará a conferência '50 anos de leituras de Os Sertões'.

Outro convidado de destaque é o professor da Universidade da California-Davis (EUA) Leopoldo Bernucci, coautor do livro 'Euclides da Cunha: À Margem da História', escrito em parceria com Francisco Foot Hardman e Felipe Rissato. A palestra do especialista, na sexta-feira (26), vai enfocar o tema 'Pacifismo e Militarismo' em 'Euclides da Cunha: o Caso Canudos'. Para Bernucci, a participação na Guerra de Canudos foi o ponto de inflexão na vida de Euclides, que iniciou a carreira na área militar, ao se transformar em um pacifista.

"Depois de ver o que aconteceu em Canudos, ele não poderia mais sustentar o que a cultura militar se vangloriava e passou a pregar a não violência. Ele começa o conflito como um defensor da guerra para mudar completamente seu olhar sobre a questão", destaca o autor, que é paulista, natural de Jundaí. O professor também fará menção ao período em que Euclides atuou no Norte, a pedido do Barão de Rio Branco, no início do século XX, nas questões de terra entre o Brasil e o Peru.

Também marcam presença na Flican o cineasta Antonio Olavo, o fotógrafo internacionalmente conhecido Evandro Teixeira, a professora da USP Walnice Galvão, entre outros convidados. "Canudos e sua história de resistência sempre atraiu grandes pensadores e nomes de destaque na sua área. É um grande prazer ter essas pessoas participando de nossas conversas e discussões", afirma o curador da Flican, o professor Luiz Paulo Neiva.

Trincheiras-Além da parte cultural, típica de uma feira literária, com apresentações de criadores de literatura e outras expressões artísticas, música, cinema, circo, pintura, artes plásticas e visuais, a Flican 2022 também oferecerá uma programação científica, denominada de 'Trincheiras'.  Trata-se de uma intervenção da Turma Multicampi de Doutorado em Crítica Cultural, numa parceria entre o Departamento de Linguística, Literatura e Artes do Campus II da Uneb, em Alagoinhas, e o Campus Avançado de Canudos.

A proposta é criar um "lugar epistemológico de observação de um signo, um bloco reacionário de saber e de poder contra o qual e nas suas brechas e entranhas podemos formular um problema e anular ponto por ponto da sua estrutura de saber e poder, fazendo um devir revolucionário nas pessoas e nas situações a favor de mais cidadania cultural e distribuição de riqueza material e simbólica para os despejados e subalternizados", explica o professor coordenador do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural (Pós-Crítica) e responsável pela programação das 'Trincheiras', Osmar Moreira.

A Flican é organizada e gerida pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), através do Campus Avançado de Canudos e o Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural/Pós-Crítica, Campus II Alagoinhas, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, Fundação Pedro Calmon, Prefeitura Municipal de Canudos, por meio das secretarias de Cultura, de Educação, de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza e de Infraestrutura. Conta ainda com o apoio das editoras das universidades estaduais da Bahia e da Universidade Federal da Bahia (Ufba), bem como do Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC).

Ascom