Bolsonaro lamenta atentado contra Cristina Kirchner e pede apuração

O presidente Jair Bolsonaro (PL) lamentou nesta sexta-feira (2/9) o atentado contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner. O chefe do executivo lamentou o ocorrido, pediu a apuração do caso e lembrou a facada sofrida por ele em 2018. "Eu lamento, é um risco que todo mundo corre, eu quase morri em 2018 e não vi a esquerda se preocupando comigo, mas tudo bem."

Fernando Andrés Sabag Montiel, de 35 anos, é o homem apontado como o autor da tentativa de homicídio contra Cristina Kirchner. Nascido no Brasil, ele apontou uma pistola 3.8 para a cabeça da vice-presidente da Argentina na noite de quinta-feira (1º). "Eu já falei que lamento, apesar de não ter nenhuma simpatia por ela (Cristina Kirchner), não desejo isso para ela. Agora, quando eu levei a facada, esse pessoal da esquerda ficou calado, mas tudo bem, nós temos coração, e lamento o ocorrido. Espero que a apuração seja feita, para saber se foi da cabeça dele ou de alguém que porventura tivesse contratado ele para fazer aquilo."

“Apesar das minhas divergências com a vice argentina, não desejo isso para ela. Espero que o fato seja devidamente apurado. Felizmente, o cara não sabia manusear arma de fogo", disse a jornalistas, após o desfile dos campeões da 45ª Expointer em Esteio, no Rio Grande do Sul.

"Que se apure tudo na Argentina. Lamentamos esse episódio. E que se apure, diferentemente do que foi feito comigo em 2018. Dadas todas as evidências de ele foi mandado a dar aquela facada em mim, houve uma pressão enorme para que o inquérito não fosse para frente", lembrou. Apesar do que afirmou Bolsonaro, por duas vezes em investigações, a Polícia Federal concluiu que Adélio Bispo, preso no mesmo dia, agiu sozinho no crime.

E completou a outro grupo de jornalistas da Rádio Guaíba: "Eu já mandei uma notinha. Eu lamento. Agora, quando eu levei a facada, teve gente que vibrou por aí. Lamento, já tem gente que quer botar na minha conta já esse problema. E o agressor ali, ainda bem que não sabia mexer com arma. Se soubesse, teria sucesso no intento".

Presidenciáveis

Por meio das redes sociais, outros presidenciáveis também se manifestaram sobre o ataque a Kirchner. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu que o autor do atentado "sofra todas consequências legais". "Toda a minha solidariedade à companheira @CFKArgentina, vítima de um fascista criminoso que não sabe respeitar divergências e a diversidade. A Cristina é uma mulher que merece o respeito de qualquer democrata no mundo. Graças a Deus ela escapou ilesa", escreveu.

Ciro Gomes (PDT) caracterizou a vice argentina como uma "mulher guerreira", e alertou contra a polarização política no Brasil. "O atentado frustrado a Cristina Kirchner por pouco não transforma em chuva de sangue a nuvem de ódio que se espalha pelo nosso continente. Nossa solidariedade a esta mulher guerreira que com certeza não se intimidará. Para nós, fica a lição de onde pode chegar o radicalismo cego, e como polarizações odientas podem armar braços de loucos radicais ou de radicais loucos. Ainda há tempo de salvar o Brasil de uma grande tragédia gerada pelo ódio. Paz!"

Simone Tebet (MDB) também ressaltou a importância dos políticos do país acenarem contra qualquer tipo de violência. "Violência política no Brasil, violência política na Argentina. É preciso dar um basta a tudo isso. As lideranças devem recriminar essas atitudes. Ainda bem que a arma falhou. Que tristeza! Reafirmo minha posição pela paz na política, pela paz nas eleições", publicou.

Entenda o atentado a Cristina Kirchner

Fernando Sabag Montiel foi preso ainda ontem, na Argentina, após tentar disparar com uma arma de fogo contra a vice-presidente do país, Cristina Kirchner, quando ela chegava em casa, no bairro de Recoleta, em Buenos Aires.

De acordo com informações da polícia argentina, o acusado tem antecedentes criminais por porte ilegal de arma. O brasileiro teria tentado disparar contra a vice-presidente usando uma pistola .38, mas não conseguiu porque a arma teria falhado.

Correio Braziliense / foto: arquivo