Presidente do Irpaa destaca os 33 anos ao lado dos Povos e Comunidades Tradicionais

Presidente do Irpaa destaca os 33 anos ao lado dos Povos e Comunidades Tradicionais . Confira.

Ao completar seus 33 anos, o Irpaa pode ser considerada uma entidade adulta. Viveu sua infância, buscando conhecer o mundo ao seu redor, maravilhado com tantas novidades, tantos conhecimentos.

Na adolescência, veio o conflito de ideias e paradigmas sobre a realidade do chão que pisa, o imaginário que não condizia com a realidade e a frustração de não conseguir viver bem em um lugar tão conhecido e ao mesmo tempo tão mal entendido. Na juventude ganhou força, musculatura científica, oratória com experiencia prática para estabelecer um diálogo direto entre a realidade e o modo de vida. Descobriu fenômenos, criou conceitos, defendeu novos paradigmas, novas formas de fazer, novas formas de viver. Fez grandes amizades, grandes parcerias. Rejeitou outras tantas más amizades e parcerias. Se fez adulto consciente de sua missão, de fazer parte da grande rede, do grande mutirão de defesa do Semiárido, de concretização da Convivência com o Semiárido enquanto política pública e enquanto cultura.

Fez sua escolha política de ficar ao lado dos Povos e Comunidades Tradicionais do Campo. Reconheceu no modo de vida desses povos, o alicerce para a construção da Convivência com o Semiárido. Esses povos ao mesmo tempo em que estão ameados de expulsão de seus territórios tradicionais nos ensinam como viver em harmonia com o ambiente natural e com as pessoas.

O mundo passa por uma mudança de era, inclusive de era geológica, onde a água, o ar, o solo e todos os tipos de biomas estão sendo modificados. Nesse momento, a incerteza no futuro causa grande ansiedade, quadros de depressão… O sistema de sociedade baseada na exploração da natureza e das pessoas e na acumulação de bens em detrimento da miséria se mostrou inviável e auto destrutivo. A vida humana está ameaçada no planeta Terra.

A sociedade e a cultura ocidental (baseada no modo europeu de ver o mundo) fracassou. Está tornando o mundo impróprio para a existência humana. As culturas não ocidentais (culturas tradicionais das Américas, da África e da Asia) existem a milhares de anos, sobreviveram a mais de 500 anos de genocídio provocado pela colonização. Essas culturas permitiram a existência humana em harmonia com o ambiente natural, e hoje, são uma possibilidade de evitarmos o fim da humanidade na Terra. Os modos de relação entre as pessoas e das pessoas como a natureza de forma irmanada, onde uma vida humana não é mais importante que a vida de uma árvore ou de uma pedra, são a base para a construção de uma nova sociedade.

A construção dessa ou dessas novas sociedades é um desafio, devido ao grande estrago que a sociedade ocidental causou no planeta e em nossas mentes. O Irpaa do alto de seus 33 anos, se sente capaz e motivado para viver os próximos dez anos na busca da construção coletiva dessa nova sociedade, em muitos lugares chamada de Bem Viver, de Felicidade Interna, de A Terra Sem Males, de Sociedade Agroecológica…, nós chamamos de Convivência com o Semiárido.

Presidente do Irpaa, José Moacir dos Santos  

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