Artigo: Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço

Durante uma campanha eleitoral, em um ambiente mais insalubre do que salubre, local utilizado frequente e comumente para se molhar o 'pé da guela' com o popularíssimo e típico produto brasileiro, conhecido 'carinhosamente' por pinga, cachaça, água que passarinho não bebe, branquinha, café branco, mé, entre outros criativos e sugestivos sinônimos, um frequentador assíduo do ambiente, cheio da manguaça, 'no aqui tá fundo e aqui tá raso', bradava no corredor onde existe diversos pontos comerciais, um coladinho no outro: "não vou votar naquele cachaceiro. Não voto em político que bebe cachaça"...

Esta clara e original opinião eleitoral demonstra o comportamento equivocado de um eleitor que provavelmente ouviu dizer que um determinado candidato seria um 'apreciador de aguardente de cana', como se isso fosse um dos maiores defeitos e pecados que um candidato a um cargo eletivo possa ter.  A teoria do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço", não funciona. É por isso que muitos eleitores não entendem porque seus escolhidos mentem.

Atualmente esta frase é muito aplicada na sociedade, onde muitos políticos se revelam ser uma pessoa totalmente diferente daquela que os eleitores escolheram. Percebe-se que a figura citada no primeiro parágrafo deste texto, visivelmente embriagado, defende a Lei Seca, mesmo sendo um exímio consumidor da 'danada'. Com alguns políticos, principalmente aqueles com atuações em cidades com características provincianas, o comportamento é idêntico ao condenar seu opositor, ou concorrentes, mas cometendo o mesmo erro do condenado.  Para conseguir seu intento o cara de pau profissional ludibria suas vítimas (a população) com falsos discursos, dignos dos praticantes do "171".

A administração do mau gestor inicia geralmente no último ano do seu mandato, isso é um fato facilmente compreensível, inclusive quando este possui a prerrogativa da reeleição.  Muitos governos acreditam de verdade que "o povo esquece porque tem memória curta", daí, no maior cinismo, se apresenta novamente como um 'salvador da pátria', acusando sempre as crises econômicas, os débitos encontrados, o Estado, o País, os desastres naturais (onde existem), entre outras desculpas, para justificar o fracasso de seus mandatos. Só aparece o passivo, como se não existissem os ativos.

Em muitos casos esta tática de estelionato eleitoral dá certo. Na maior inocência que existe o não mais desavisado, já que conviveu com as mazelas proporcionadas por aquele que foi confiado o voto em outras disputas eleitorais, mas complacente eleitor é novamente induzido a cometer o mesmo erro. Não sabendo os responsáveis em eleger seus representantes que as consequências negativas para os municípios por conta da má escolha podem criar feridas que levarão anos para serem curadas, quando não deixam sérias sequelas.

Em 2016 o eleitor irá confirmar se aprovou ou desaprovou os mandatos dos que foram confiados como representantes nas últimas eleições. Espera-se que o bom senso, a inteligência e o sentimento coletivo em prol do bem comum prevaleçam. Assim como em outras situações é preciso muito cuidado para não ser enganado por um lobo travestido de cordeiro.

"Nesta Casa Tem Goteira

Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim

Nesta Casa Tem Goteira

Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim"

Pinga Ni Mim – Sérgio Reis

Por Gervásio Lima