ARTIGO - O GOLPE DA CRISE E A CRISE DO GOLPE

O sindicalista Gilberto Santana, é mais um articulista que passa a compor o Blog a partir desta quinta-feira (25). Em nome de toda equipe queremos dar as boas vindas e desejar uma participação duradoura deste que sempre foi leitor e colaborador deste noticioso.

*Gilberto Santana

O projeto “Democrático e Popular”, inaugurado no Brasil em janeiro de 2003 pelo então líder operário Luís Inácio Lula da Silva, sempre sofreu a ofensiva e desconforto das elites que não se reconheciam no retrato do poder. O sindicalista que chegou a presidente era no mundo inteiro tido como um fenômeno, tão popular que beirava a unanimidade, sendo muito difícil apresentar-se eleitoralmente como oposição. Não vou aqui elencar os seus feitos em respeito ao intelecto do leitor, seria bastante dizer que sua política uniu desenvolvimento e justiça social. Promoveu uma nova abolição, retirando milhões da linha de pobreza, operando uma revolução Gramsciana no que tange à disputa hegemônica, ampliando o acesso à educação superior, permitindo mobilidade social com ingresso de negros e pobres alterando a pirâmide social.

Sucedido pela primeira mulher eleita presidente do Brasil. Dilma nunca teve a mesma popularidade nem saúde no campo da articulação política. Seus mandatos, o segundo mais ainda, são marcados por intenso ataque, preparado midiaticamente e ecoado no congresso mais conservador da história recente, com suas chamadas “pautas bomba”. Muito antes de sua reeleição, a presidente eleita vinha sendo posta na defensiva. Depois da praça de guerra que foi sua recondução ao cargo em 2014, sofre mesmo antes da posse ameaças por diversos pedidos de impeachment, além de ter sido pressionada para renunciar desde o início de seu segundo mandato.

A articulação golpista gera em primeiro plano uma crise política, buscando inviabilizar sua governabilidade que, se traduz em insegurança e incertezas para o deus mercado atingindo consequentemente a economia. Os golpistas agem amparados nos setores que se apoiam nos ideais “sedutores da classe dominante”. A motivação tem uma causa notória: diferente de Lula, que operou a estratégia de conciliação de interesses contrários, Dilma ousou se opor aos interesses dos tubarões do capital especulativo brasileiro. Sua gestão agiu para cessar a drenagem de recursos do excedente social de todos para o bolso da meia dúzia que controla a economia, a política e a mídia entre nós, e encaminhá-los para o setor que produz. Pronto! Eis aí o seu pecado. A elite não só sabotou sua estratégia, como apresenta agora a cobrança da fatura pela ousadia de optar pelos mais pobres.

Depois do golpe da crise, virá a crise do golpe. Os setores encarregados do golpe na política, qualificados como ‘moralistas sem moral’ como o “digníssimo” presidente da câmara dos deputados, Eduardo Cunha, preocupado com o “interesse geral da nação” todos os dias manobra e afirma: - Diga ao povo que fico! e vai ficando...como sua política recorre sempre à hipocrisia, com o mau cheiro exalado de si próprio e seus correligionários, se vê desapontado, não há moral política e nem político de moral na oposição de direita para operar o golpe.

Os golpistas estão em crise. E agora? Quem poderá me defender? Não, não é o Chapolin Colorado do humor mexicano. Recorrem agora aos “golpes jurídicos”, na cabeça dos golpistas, isso deve ter maior chance de êxito. Entra em campo, os “juízes justiceiros” bafejados, perfumados e produzidos pela mídia conservadora, são quase onipotentes, tem poder de fazer tudo. O juiz mor, superjuiz conta com a mídia e espetaculariza a justiça. Numa roupagem nova, o golpe sofre uma “modernização”, substituem o argumento das armas pelo “pseudojurídico” com aparência de neutralidade, tira o milico entra a toga do juiz arrogante e arcaico.

No comando, a velha classe dominante, o mesmo 1% que controla o poder e o ouro capitalista, controla os principais meios de comunicação. E nós? Os 99% somos manipulados ou assistimos estupefatos, um golpe pelo qual todos vão pagar.

*Gilberto Santana

Cidadão exercendo a cidadania.