Caso Beatriz: "Alguém ajudou, não a desferir os golpes, mas a vigiar o local enquanto o criminoso agia", diz Legista Sanguinetti

Próximo a  completar dois anos e um mês do bárbaro assassinato da menina Beatriz, dentro do Colégio Maria Auxiliadora em Petrolina, um dos mais conhecidos médicos legistas do País, assediado pelos principais advogados criminalistas brasileiros, cita o pensamento de Edmond Locard e aponta: "O tempo que passa é a verdade que foge".

Há 7 anos a Revista Carta Capital disse que George Sanguinetti possui uma vida proporcional à compulsão pela polêmica, a ponto de sua contratação ser confundida com táticas diversionistas de advogados de defesa. Desde o controverso laudo sobre a morte de PC Farias, em 1996, é personagem em casos rumorosos. 

Para Sanguinetti, há casos de assassinatos com muitas contradições na história. Expressão compenetrada, olhar distante do interlocutor, palavras medidas. Artimanhas de quem se acostumou a entrar, convidado ou não, em alguns dos casos criminais mais controversos do País. 

Em geral, para apontar os “erros e contradições” dos colegas de ofício, que chegaram a denunciá-lo no Conselho Regional de Medicina por “ilícito ético”, Sanguinetti não se abala. “Ninguém gosta de ser criticado e é exatamente isso o que eu exponho, os tropeços dos maus profissionais.”

Ontem, dia 04 de Janeiro, através de uma rede social, George Sanguinetti, compartilhou de uma reflexão sobre o caso do assassinato da menina Beatriz. Segundo ele,  "Há mais de dois anos ocorreu o crime hediondo. Durante uma comemoração de formatura, num tradicional colégio católico de Petrolina, estavam presentes os pais, amigos e uma grande quantidade de pessoas, entre as quais educadores, alunos, familiares e pessoas da comunidade".

Segundo raciocínio de Sanguinetti, "uma noite festiva que termina em fatalidade. Quarenta e duas facadas são desferidas no corpo de uma criança de 7 anos, por motivo até hoje não esclarecido. Quanto ao autor, até hoje não foi incomodado e dificilmente o será, pois não há provas técnicas.

E o que se faz é divulgar uma imagem, obtida em frente ao colégio, de um indivíduo que circulara na festa. É muito pouco. E por não ter nada provado, divulga-se que é a imagem do suspeito, do autor.

A contribuição da cena do crime, ou seja, do local da morte, não permitiu estabelecer nexo de causalidade. E este mesmo local, fotografado e “levantado” pela Polícia Técnica, alguns meses depois, é descartado e outro local é apontado como provável cena do crime.

Além disso, um segredo de Justiça, na investigação policial, impede de analisar os elementos colhidos, ou outros vestígios e indícios menos perceptíveis que possam ter sido ignorados por falta de atenção ou mesmo desconhecimento. Insisto no visum et repertum. Voltar ao local, verificar as fotografias forenses ampliadas, a disposição das manchas de sangue para estabelecer a dinâmica do evento, mensurar todos os vestígios de maneira metodológica.

Creio que o local da morte foi aquele onde o corpo foi encontrado; o autor conhecia muito bem o colégio, já que em tempo limitado, conduziu Beatriz ao local da execução (uma sala isolada e fora de uso), onde não foi visto. Não foi aleatório. Conduziu à morte, a criança que queria conduzir, quando quis conduzi-la".

"Alguém o ajudou, um cúmplice, não a desferir os golpes, mas a vigiar o local enquanto o homicida agia. Este último, continua convivendo com as pessoas, na cidade de Petrolina, até os dias de hoje. Não foi incomodado. Quanto às imagens do vídeo divulgadas nacionalmente, não há quaisquer provas que fundamentem culpa. A Polícia ainda não obteve êxito na investigação.

“O tempo que passa é a verdade que foge” (Edmond Locard)", concluiu Sanguinetti.
 

Redação blog