Artigo - Juazeiro da torcida da lordeza

Ir ao estádio de futebol sempre foi uma atração para mim. Frequento o Adauto Moraes desde menino, levado pelo meu pai, ou para assistir aos jogos dos meus irmãos que disputavam a liga amadora. Também assisti a muitos jogos do Campeonato Intermunicipal. A torcida vibrava! 

Mas aí veio o Juazeiro Social Clube. Primeira equipe profissional da cidade a disputar um campeonato baiano. Aqui começamos a torcer pelo time que encantou o município e toda a região, com um futebol refinado, representado por Janilson, Wagner, Ailton, Nixon e grande elenco. Entretanto, algo me chamava a atenção. A torcida não torcia! Era silenciosa, apenas com alguns torcedores, a charanga animando parte das arquibancadas. Não tínhamos aqueles “gritos de guerra” bradados pelas torcidas Brasil a fora. Nos momentos mais “perigosos”, ou nos lances de gols, havia uma comemoração mais intensa. Quando a torcida mais apoiou, quando sufocamos Vitória e Bahia aqui em Juazeiro, o time chegou a um vice-campeonato baiano. Após alguns anos, o time parece que deixou de existir. 

Em 2008, o deputado Roberto Carlos montou uma nova agremiação futebolística na cidade: a Sociedade Desportiva Juazeirense. Com muito trabalho e dedicação, hoje é o nosso representante, e vai disputar a Série C do Campeonato Brasileiro, um feito inédito para uma equipe do interior. O time tem um histórico exitoso.

Mas a torcida... 

Ano passado, na disputa da série D, a equipe precisou da Torcida, mas ela não comparecia ao Estádio. Dizem as más línguas que era por conta de o clube ser gerido por um político. A maioria dos clubes do Brasil são geridos por políticos (Não sei porquê dizem que política e futebol não se discutem?!). Mesmo sem estádio lotado, o time, com muita organização, ressalte-se, subiu de série e entrou num outro nível do futebol nacional.

Este ano, o público em partidas da Juazeirense, jogando no Adauto Moraes, tem variado. Mas já está bem melhor do que ano passado. “Se o time estiver bem, jogando um bom futebol, a torcida vai”, declara o radialista Charles Grey. Mas é o modo de torcer mais apático que já vi. O silêncio é tão grande que os xingamentos do alambrado ecoam no estádio. Parece mais que estamos no cinema, assistindo aos filmes da Marvel, quando nos momentos de ação toda a sala escura vibra com golpes e poderes mágicos dos super-heróis. 

Parecemos uma torcida destes campeonatos europeus, escondidos em casados e gorros, que só se movimentam diante uma jogada mais rebuscada, ou uma entrada desleal, bola na trave, gol, ou coisa parecida. 

Diz a história que a nossa cidade sempre se destacou pelo requinte da elite, com homens de terno e gravata, e mulheres que usavam roupas da última moda, inspirada nas elegâncias parisienses e cariocas. No canto dos remeiros, Juazeiro é da “lordeza”. 

Precisamos descer do salto e começar a vibrar mais. Empurrar o time para que sufoque os adversários. Lotar os mais de 10 mil lugares possíveis e torcer. Temos uma boa equipe, que vai precisar da torcida, pois enfrentará fortes clubes, principalmente na disputa da Série C. Deixemos a elegância, representada pelo personagem que dá nome ao nosso palco de futebol e passemos a nos inspirar mais naquele torcedor da buzina, o Zé Cudido, que a cada gol desce da arquibancada e dá cambalhota. A direção da Juazeirense também pode criar estratégias para envolver ainda mais a população/torcida com o município. É preciso fazer algo. 

Vamos em frente, minha gente! Vamos ao estádio!Vamos juntos com o Cancão de Fogo. 

Raphael Leal é jornalista e torcedor da Juazeirense.

Por Raphael Leal