ESPAÇO DO LEITOR: COMO É QUE FICAMOS TÃO CHATOS?

"Hoje eu acordei triste, sentindo um aperto no peito, uma saudade...

Saudade de quando as discussões que envolviam comportamento, mulher, música, moda, e política, eram apenas a respeito do cânone oficial da própria narrativa. Nada hoje parece escapar da polêmica ideológica. Tudo virou uma espécie de politicagem, metáforas partidárias e mensagens subliminares. E o que em certos casos gera a polemização? Acertou... A PROBLEMATIZAÇÃO! Problematizar é dar caráter ou feição de problema a algum fato, arte ou ação. Problematizar pode ser também piorar, agravar, dificultar, complicar, intrincar, complexificar, pôr em dúvida, contestar, indagar, interrogar, duvidar,  ou simplesmente questionar.

Parece que realmente ficamos loucos dentro dessa "inconveniente arte da problematização:" e não estou falando somente dos "mi-mi-mís" da esquerda problematizadora não. Tenho percebido até mesmo uma busca sadia por consciência política e social bem forte nessa geração que nasceu depois de mim. Isso é um problema? É claro que não, se soubermos a hora certa e a forma correta de se abordar certos problemas intrínsecos em nossa sociedade! Toda essa busca por consciência crítica, somada ao interesse por causas sociais é de fato mui importante. Porém, há certos indivíduos que acordam pela manhã (e na maioria das vezes ao meio dia) com uma "tara" (que chega até ser fisiológica) de levantar da cama e problematizar tudo que estiver em sua volta. Tretas e mais tretas parecem fazer parte do "cardápio" de seu café da manhã. Problematizam o próprio café que a mãe fez com amor e carinho, problematizam as notícias no jornal da manhã, problematizam os exemplos que o professor dá na sala de aula, problematizam a opinião de um colega em sala de aula, problematizam a escolha que o namorado fez sobre a cor do carro novo que comprou, problematizam a roupa que a menina mais bonita do bairro estiver usando... Aff, chega! Se eu enumerar as problematizações que eu já vi, você vai ficar de saco-cheio de ler essa minha crônica.

Chego acreditar que isso até acabou virando uma espécie de doença paranoica. Esses indivíduos são geralmente identificados como pessoas que se sentem isolados da pluralidade social, na família, na escola, entre os amigos, na faculdade e pasmem até dentro dos círculos religiosos. Talvez isso se deva a um complexo de inferioridade, uma "não aceitação" de sua própria aparência física... São tantas as causas que não dá para enumerá-las todas aqui. Mas eu parei para refletir um pouco sobre a origem aqui no Brasil desse "mi-mi-mí problematizatório" todo. Começou com a ascensão dos governos de esquerda protagonizados pelo PSDB e pelo famigerado PT. Eles conseguiram colocar negros contra brancos, sulistas contra nordestinos, ricos contra pobres, empregados contra patrões, homens contra mulheres, derrotados contra vitoriosos e assim a fila vai. Tudo isso oriundo da cartilha de ANTÔNIO GRAMSCI que foi um filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político italiano. Escreveu sobre teoria política, sociologia, antropologia e linguística. Porém dentro do marxismo ele se destacou com sua CARTILHA DO MARXISMO CULTURAL que num breve resumo tinha como objetivo subverter as instituições através da desconstrução ideológicas das mesmas debilitando os elementos da cultura tradicional: Ele conseguiu infiltrar indivíduos dentro dos jornais, quartéis, escolas, universidades, igrejas e das mais diversas instituições. E o discurso? Sempre começa com uma problematização! Daí então se usa isso como salvo-conduto para justificar uma espécie de teoria onde o fim é justamente acabar com a boa fama e reputação de líderes, magistrados, políticos e clérigos. Hoje em pleno século XXI essa problematização acabou passando da utopia para o desserviço.

Entretanto, se na prática dos dias de hoje essa problematização servisse exclusivamente para questionar e apontar problemas reais, mostrando a gravidade e pontos de vista sobre o tema, seria totalmente válido e útil. Mas quando "o problematizar" se torna paralelamente o sinônimo de uma disputa de egos que não soma nada à conscientização e na prática serve muito mais para ganhar comentários dos amigos (as) dizendo que você "lacrou", a coisa já desanda e se torna insustentável. Vemos cada vez mais frequente tanto entre os jovens quanto nos adultos uma militância imbecil que não soma em nada no que se diz respeito à conscientização. Uma militância somada de textos enormes nas redes sociais e... problematizações sem bom senso! E algumas até sem nexo mesmo! Que só servem para gerar resistência para estes mesmos que já se encontram em estado de alienação, que como crianças mimadas, só querem chamar nossa atenção por falta da mesma. Esses problematizadores tem a avidez de elevar seus egos, servindo-se de elogios dos amigos que pensam iguais a eles. Um "lacrou! Hahahaha!" se torna mais importante do que a própria conscientização de suas ideologias. Como ficamos tão chatos? Você deve estar agora se perguntando. Talvez você possa até estar pensando que eu quero com tudo isso problematizar a própria problematização. Muito pelo contrário, eu torço é a favor do bom senso. Aliás, esse bom senso é o que falta entre a classe dominadora e a classe dominada.

Já que acordei, agora vou tomar o meu café..."

ERRY JUSTO. Radialista e Jornalista.